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01 outubro 2018 às 11h39

Estudo mostra queda acentuada do caudal do Tejo até 2100

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Um estudo realizado por portugueses e espanhóis à bacia do rio Tejo mostra que dificilmente nas próximas décadas estes dois países vão cumprir a convenção da albufeira que está em vigor.

Miguel Midões

A quantidade de água no Tejo vai diminuir de forma acentuada até ao ano de 2100. A produção hidroelétrica irá cair e faltará água para a agricultura. Os alertas são deixados pelo Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável no Fórum Internacional Gaia Todo Um Mundo, que decorreu no cais de Gaia, entre 27 e 30 de setembro.

O problema tem solução, mas é preciso é que Portugal e Espanha alterem a gestão da água.

Foram cinco anos de análise dos dois lados da fronteira. Existem dois cenários climáticos possíveis: um moderado e outro extremo. Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, salienta como primeira conclusão deste estudo a diminuição considerável do caudal do Tejo.

O montado, uma floresta de azinheiras, sobreiros, carvalhos ou castanheiros, é um ecossistema que já está agora ameaçado e que, com este cenário, ficará ainda pior. Filipe Duarte Santos aponta caminhos para a solução, que passam por uma melhor gestão de água, mas também pela diminuição da água desviada do Tejo para o rio Segura, em Espanha.

Se nada for feito, cada vez menos água do Tejo vai chegar a Portugal, mas os espanhóis também vão sentir o impacto da seca. A água que agora é desviada do Tejo para o rio Segura, numa zona já árida de Espanha, vai deixar de existir por escassez.

Atualmente com o transvase de Segura (do rio Tejo para o rio Segura), os espanhóis conseguem regar 132 mil hectares de campos agrícolas, assegurando a sustentabilidade de 80 mil agricultores. Uma situação que será posta em causa até 2100, caso nada seja feito para gerir as situações de seca extrema e de escassez de água.

O presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável alerta para o facto de os cenários de seca se preverem cada vez mais e com maior intensidade. E, por isso é importante resolver problemas detetados por este estudo, nomeadamente as descargas de águas mal tratadas que Madrid continua a fazer para o rio Tejo, e apostar em processos novos como a dessalinização de água do mar, como já se faz na ilha de Porto Santo, na Madeira.

Filipe Duarte Santos garante que Portugal tem feito um trabalho notável de assegurar água às populações, mas agora é preciso dar um passo em frente e melhorar a gestão deste recurso.