14 outubro 2010 às 16h52

Comparticipação de insulina mantém-se a 100%

O coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes apelou hoje aos diabéticos para evitarem corridas às farmácias, assegurando que não há falta de insulina e que a comparticipação se mantém

Lusa

A um dia da entrada em vigor da portaria que diminui a comparticipação do Estado na compra de medicamentos, José Manuel Boavida quis esclarecer os diabéticos de que vão continuar a ter insulina comparticipada a 100 por cento.

"Tendo sido levantadas dúvidas sobre o regime de comparticipação das insulinas, o coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, após contacto com o Infarmed, faz saber que não haverá qualquer alteração da comparticipação das mesmas, mantendo-se o regime de comparticipação de 100 por cento", afirma Manuel Boavida num comunicado divulgado no site da Direção Geral da Saúde.

Por outro lado, "não há falta de insulina em Portugal", assegurou o responsável à agência Lusa, contrariando assim notícias "alarmistas" que dão conta de falta de insulina em farmácias de Coimbra e que causam "algum pânico entre os diabéticos".

Citando a autoridade nacional do medicamento (Infarmed), o responsável assegura que "está garantido o fornecimento" da insulina em Portugal.

José Manuel Boavida adiantou que "esse problema tem existido só na região de Coimbra": "Ainda hoje falei com a directora do serviço de Endocrinologia da Universidade de Coimbra, que me disse que não tem registo de doentes com problemas".

"O que tem havido são pequenas farmácias que não têm grandes reservas de insulina e provavelmente com estas notícias as pessoas procuram mais e depois pode não haver resposta", disse, sublinhando que, nestes casos, o stock é reposto no dia seguinte.

O coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes sublinhou ainda que "a grande preocupação que existe é fornecer às pessoas com diabetes todas as condições para que possam cuidar de si próprias e isso está assegurado".

Os últimos dados do Observatório Nacional da Diabetes referem que um terço da população portuguesa sofre de diabetes ou está em risco de vir a sofrer de uma doença cujos gastos com medicamentos ascenderam a 109 milhões de euros em 2008.

Estima-se que Portugal tenha 900 mil diabéticos, 11,7 por cento da população entre os 20 e os 79 anos, sendo que 400 mil não sabem que têm a doença, segundo José Manuel Boavida.

Em oito anos, os internamentos passaram de 60 mil (em 2000) para 110 mil (em 2008), o que revela "um aumento de 85 por cento", frisou o médico.

Os dados do Observatório permitem quantificar o que custa a diabetes: 37 milhões de euros em testes de glicemia (para ver o açúcar no sangue) e 400 milhões de euros em internamentos, além dos medicamentos.

"A despesa da diabetes em Portugal é pelo menos de mil milhões de euros, o equivalente a sete por cento da despesa em saúde e 0,7 por cento do Produto Interno Produto (PIB) português", calculou o especialista.