Projetos Expresso

Produzir e preservar: o binómio das florestas

Produzir e preservar: o binómio das florestas
Getty Images

A importância das florestas plantadas e a forma como contribuem para conservar as florestas naturais será o tema principal da conferência “Valorizar as Florestas: Pelas pessoas e pelo planeta”

Produzir e preservar: o binómio das florestas

Tiago Oliveira

Jornalista

Preservar as florestas enquanto recurso natural essencial para garantir a saúde ambiental é um desígnio cada vez mais consensual, a que se junta o papel que representam como ativo económico capaz de gerar produtos sustentáveis e recursos energéticos que podem ter um papel decisivo na descarbonização. Trata-se de um binómio, preservação e economia, que nem sempre é bem compreendido pela opinião pública, mas que os especialistas garantem que, com as opções e medidas certas, podem ser mutuamente benéficos.

“As florestas podem e devem ter um decisivo contributo” como “capital natural que pode prestar variados e valiosos serviços de ecossistema", desde “preservação de biodiversidade” a contrariar a “erosão dos solos”, sem contar com “contributo económico e social, resultante de uma exploração sustentável dos seus recursos”, defende Pedro Norton de Matos. Por isso “é fundamental que a gestão dos recursos tenha um propósito regenerativo”. Na opinião do mentor e organizador do Greenfest, "o que não se pode fazer é substituir zonas de pantanais ou outros ricos ecossistemas implantados por "florestas" mono-espécie", com a certeza que “as cidades e grandes centros urbanos deverão ter cada vez mais espaços e coberturas verdes”.

O responsável é um dos convidados da conferência “Valorizar as Florestas: Pelas pessoas e pelo planeta”, que junta a Navigator e o Expresso para perceber como é que as florestas plantadas contribuem para a preservação das florestas naturais e juntas podem representar um importante ativo económico e ambiental. Lembra, por exemplo, a professora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, Helena Pereira, que “os modelos de desenvolvimento - hoje obrigatoriamente sustentáveis - devem integrar as vertentes ambientais, sociais e económicas e ter em conta todo o sistema desde a ocupação do território até aos consumidores de produtos e serviços passando pela gestão das florestas, processamento de produtos e cadeias logísticas”.

"A opinião publica tende a funcionar por "sound bytes" e vão-se construindo ideias que muitas vezes não espelham a realidade. Há todo um trabalho de literacia a fazer, começando nas mais tenras idades", aponta Pedro Norton de Matos

Para Nélia Aires, coordenadora da área florestal da Agro.Ges, “a visão corrente e disseminada na sociedade de que as florestas plantadas são nefastas para o ambiente é uma completa contradição, uma vez que estas florestas são a principal estratégia para aliviar a pressão sobre os recursos que seriam obtidos de florestas naturais”. Como “funções complementares” é importante referir, por exemplo, a “produção de produtos não lenhosos (o mel, por exemplo!), de proteção do solo e dos recursos hídricos, de conservação de habitats ou de espécies de flora e fauna”. Para que a produção contribua “para a conservação do património natural, terá de se desenvolver deixando espaço para mosaicos em que a função de produção não se desenvolva de forma totalitária”, assume o arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos, ao mesmo tempo que se devem “procurar adotar técnicas que possam gerar mais biodiversidade e aumentar o teor de matéria orgânica no solo”.

78,4%

da área florestal portuguesa é ocupada por floresta seminatural, composta por espécies nativas e introduzidas, que se regeneram naturalmente ou por plantação

“Para que seja uma sustentabilidade efetiva”, acredita o presidente da Assembleia Geral da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, “é necessário dar prioridade à economia, por forma a potenciar as restantes, social e ambiental”, apesar de em “algumas regiões” ainda ser “possível fazer uma exploração florestal em matas não plantadas”, só que “a produção de madeira impõe que se protejam essas florestas e se façam plantações devidamente ordenadas”. Sustenta a professora na FEUC, Susana Garrido, que ao investir em atividades florestais sustentáveis e promover o uso eficiente dos recursos florestais, Portugal pode estimular o crescimento económico", nas regiões rurais, o que “inclui o desenvolvimento da indústria madeireira, a produção de biomassa para energia renovável, o turismo florestal e outras oportunidades de negócios relacionadas”.

“Valorizar as Florestas: Pelas pessoas e pelo planeta”

O que é?

O evento “Valorizar as Florestas: Pelas pessoas e pelo planeta” faz parte do projeto “Vamos Falar de Sustentabilidade” e é uma iniciativa que junta Navigator e Expresso com o objetivo de sensibilizar a sociedade para a importância das florestas plantadas e a forma como contribuem para conservar as florestas naturais, reduzindo a pressão de desflorestação sobre estas áreas, enquanto apoiam o fornecimento de bens e serviços cujo papel é reconhecido em termos ecológicos, económicos e sociais.

Quando, onde e a que horas?

28 de junho, quarta-feira, no edifício do Grupo Impresa, a partir das 10h.

Quem vai estar presente?

  • Pedro Norton de Matos, mentor e organizador do Greenfest
  • Helena Pereira, professora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa
  • Henrique Pereira dos Santos, arquiteto paisagista
  • Cristina Máguas, coordenadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c, FCUL) e sub-diretora do Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade (CHANGE)
  • Carlos Fiolhais, professor de física e comunicador de ciência
  • Nélia Aires, coordenadora da área florestal da Agro.Ges
  • Fernando Oliveira Batista, professor aposentado do Instituto Superior de Agronomia
  • Susana Garrido, professora associada com agregação na FEUC e investigadora das áreas da Economia Circular e Sustentabilidade
  • Eduardo Oliveira e Sousa, engenheiro agrónomo
  • António Carlos Cortez, professor, poeta e ensaísta
  • Dina Duarte, pesidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande
  • António Redondo, CEO da The Navigator Company
  • Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática

Porque é que este encontro é central?

Porque no quadro de um desenvolvimento sustentável, as florestas plantadas e plantações florestais bem geridas são o garante de produção de bens e serviços que as colocam no centro da solução para os desafios que a humanidade enfrenta à escala global, designadamente os efeitos das alterações climáticas e a transição de uma economia fóssil e linear para um novo modelo de bioeconomia circular que se desenvolve em harmonia com a natureza.

Como posso assistir?

Clique AQUI.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas