Veio a claquete e o cinema salvou-se do caos

Sem o recurso à claquete o trabalho de edição seria um perfeito caos

Indispensável à sétima arte, a claquete nasceu nos anos 1920, pela mão de um australiano. É uma junção feliz de dois propósitos.

“Luzes, câmara, ação.” E a aba da claquete desce, com o baque a anunciar a rodagem de mais uma cena. A sequência é de conhecimento obrigatório, independentemente do grau de devoção ao cinema. Já a história e a finalidade do icónico objeto são bem menos conhecidas. Começando pela segunda, a claquete cumpre, na verdade, um duplo propósito: por um lado, a identificação de cada gravação – com informações como a data, a cena, o take; por outro, a sincronização entre o vídeo e o som.

Este segundo objetivo é particularmente relevante, dado que a imagem e o som são captados com aparelhos distintos. Depois, é preciso garantir uma sincronização perfeita. E é aí que a claquete se torna um instrumento fundamental: o som da aba a bater no quadro é percetível no ficheiro áudio, enquanto o momento em que a claquete é fechada é facilmente identificável no ficheiro vídeo. Não custa imaginar que, sem este recurso, o trabalho de edição seria um perfeito caos.

Quanto à história deste objeto, conta-se de forma breve. Nos primórdios do cinema, antes do início de uma cena, havia uma pessoa responsável por exibir um quadro com as informações da mesma, enquanto uma segunda pessoa batia duas varas uma na outra para dar início à rodagem. Até que nos anos 1920, o australiano F. W. Thring, chefe dos estúdios Efftee, em Melbourne, juntou as duas num só objeto. Nascia então a claquete, que não mais seria dispensada. Melhoramentos? Também houve. Desde a madeira à ardósia, passando pelos quadros brancos em acrílico, até às claquetes em que as informações já são apresentadas com recurso a luzes LED.